Associação Comercial de SP traça raio-x do setor varejista no Estado e regiões

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Publicada em 06/11/2014


Levantamento da ACSP informa que, de 2008 a 2013, vendas cresceram 20% no Estado e, emprego no varejo, 25%; supermercados respondem hoje por 1/3 do varejo – destaque também para eletrodomésticos/eletroeletrônicos, vestuário, farmácia/perfumaria; piores desempenhos foram de concessionárias de veículos e lojas de departamentos; capital tem ritmo mais lento que Estado e regiões

A Associação Comercial de São Paulo elaborou uma pesquisa intitulada Evolução e Perfil do Varejo Paulista 2008-2013. Trata-se de um raio-x do varejo feito pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, a partir de dados de faturamento do comércio disponibilizados pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. O Instituto já realiza, por exemplo, os tradicionais Balanços de Vendas da entidade e, mais recentemente, o ACVarejo.    

A pesquisa mostra que, entre 2008 e 2013, as vendas do varejo no Estado de São Paulo cresceram 20,5%, descontada a inflação, beneficiando a geração de empregos, que aumentou 25% no setor varejista no mesmo período.

“O desempenho do Estado foi altamente positivo, embora inferior ao observado no Brasil, que foi de 54,6%, segundo o IBGE, o que revela perda de participação relativa de SP no comércio nacional”, afirma Rogério Amato, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de SP) e presidente-interino da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil).

“Ao longo da última década, o consumo das famílias se converteu no principal motor do crescimento econômico”, diz Amato. Ele completa que os fatores que levaram a isso foram 1) crescimento da renda; 2) elevação do emprego; 3) expansão do crédito, com prazos mais longos; 4) bônus externo, resultante da valorização das matérias primas exportadas; 5) bônus interno, pelo aumento da participação da população no mercado de trabalho.  

“Mas esse ciclo de expansão começou a apresentar desaceleração a partir de 2011, na medida em que os dois bônus perderam intensidade. No plano externo, a crise financeira internacional provocou queda dos preços das commodities vendidas no exterior pelo país, enquanto internamente, a redução das concessões do crédito, que surgiu como resposta ao aumento da inadimplência, somado ao aumento de juros e à redução dos prazos de financiamento, provocou arrefecimento do consumo. A

resultante desaceleração da atividade econômica, por sua vez, reduziu paulatinamente a geração de novos empregos, mitigando o crescimento dos salários”, avalia o presidente da ACSP.   

A ACSP detalha o desempenho das vendas do varejo restrito (que exclui automóveis e materiais de construção), mas para o período 2009-2013, ano a ano. Houve aumento em todos os anos e o pior desempenho foi em 2012. Já no varejo ampliado (que inclui materiais de construção), também em 2012 foi registrado o pior desempenho (-1%). “No varejo ampliado constata-se maior grau de volatilidade devido ao desempenho do setor automobilístico, mais sujeito a oscilações da demanda”, explica Rogério Amato.

Supermercados em alta, veículos em baixa 

O documento Evolução e Perfil do Varejo Paulista revela que, entre 2008 e 2013, o setor de supermercados foi o que apresentou maior aumento de participação no varejo paulista: em 2008, ele respondia por 25,9% das vendas e, em 2013, a participação subiu para 31,7% (quase um terço).

Na contramão, a participação das concessionárias de veículos caiu de 23,3% em 2008 para 16,1%.

A Copa do Mundo de 2014 prejudicou o comércio em geral, que viu seu movimento diminuir no 1º semestre do ano por conta de feriados e horários de funcionamento reduzidos. Por outro lado, o evento esportivo estimulou as vendas de TVs nas lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos: o setor apresentou a maior expansão de vendas entre 2008 e 2013 (+73,3%). Outros fatores que resultaram no bom desempenho do setor foram as novidades no campo da informática e da tecnologia, como tablets e smartphones.

A segunda maior expansão foi nas lojas de vestuários, tecidos e calçados (+46,3%), beneficiadas pela valorização do real frente ao dólar, que barateou as importações. 

Os setores de supermercados farmácias/perfumarias cresceram 44,5% e 32,9%, respectivamente. “A maior renda auferida no mercado de trabalho, ou decorrente das transferências governamentais, provocou uma certa sofisticação da cesta de consumo das famílias, que passaram a adquirir artigos de maior valor adicionado, tais como iogurtes e hidrantes”, explica Rogério Amato.   

As lojas de material de construção apresentaram alta de 33%. “Esse bom pode ter tido como causa a expansão do crédito imobiliário, ocorrida principalmente nos últimos anos, e o impacto dos incentivos governamentais do Programa Minha Casa Minha Vida”, diz o presidente da ACSP. “Os números positivos de todos esses setores se devem aos aumentos do crédito, da renda e do emprego ocorridos principalmente até 2010”, finaliza Rogério Amato. 

Na contramão, dois setores registraram quedas: concessionárias de veículos (-15,7%) e lojas de departamento(-10,6%).   

“O desempenho das concessionárias se deve principalmente à piora nas condições de crédito que se seguiu ao aumento da inadimplência decorrente da excessiva expansão de financiamentos ocorrida a partir de 2009”, explica Rogério Amato. “Outro fator que pode ter influenciado foi a antecipação da aquisição de veículos a partir do mesmo ano, incentivada pelas desonerações do IPI, que podem ter aumentado de forma importante a base de comparação dos primeiros anos do período considerado”, diz ele.

Por sua vez, o crescimento registrado no caso das vendas de autopeças e acessórios (+22,1%) reflete o aumento do parque total de veículos, que passam a requerer manutenção periódica.

Capital perde força e interior ganha   

Entre 2008 e 2013, o comportamento do varejo não foi uniforme em todas as regiões paulistas, mas em todas o crescimento foi significativo. Embora continue sendo o maior mercado de consumo do Brasil, o varejo da capital vem registrando crescimento mais lento do que outras regiões, com sua participação no total das vendas varejista no Estado caindo de 35% para 30%, com deslocamento para o interior, onde algumas regiões apresentaram expressivo aumento em termos absolutos e relativos.

Enquanto as vendas do varejo no Estado cresceram 20,5% no período, na capital a expansão foi de apenas 6,5%, a menor do Estado. Já algumas regiões registraram aumento superior a 40%, como Osasco (43,4%) e Guarulhos(42,1%), ou próximo disso, como Sorocaba (39,1%).

Emprego no varejo

Apesar da perda de participação nas vendas, o aumento do emprego no varejo na capital no período analisado foi 21%, próximo à média do Estado (+25%), enquanto em Osasco foi 37,4% e, em Sorocaba, 34,6%. “Uma das consequências do maior crescimento do comércio foi o forte movimento de construção de shopping centers no interior, talvez até com algum exagero em muitas cidades, movimento também observado com relação às grandes redes de varejo”, ressalta Rogério Amato.

Os piores desempenhos foram nas regiões do ABCD (19,5%) e Litoral (19,2%).

As informações sobre emprego foram elaboradas pela ACSP a partir de dados da RAIS/MTE.

Setores nas regiões 

Em quase todas as regiões houve contração nas vendas das concessionárias de veículos, embora para todas as regiões tenha-se observado queda na participação em relação às vendas totais. 

No caso dos supermercados, houve expansão do volume físico comercializado em todas as regiões, em graus diferentes. E a participação também aumentou. Em praticamente todas as regiões esse setor consolidou-se como o mais importante, passando à liderança em alguns casos ou mantendo sua posição hegemônica em outros. 

Também se destacaram em desempenho de vendas as lojas de

eletrodomésticos e eletroeletrônicos e as farmácias e perfumarias, com taxas de crescimento que variaram de acordo com a região. 

As regiões que se destacaram por exibirem o maior crescimento de vendas por setor varejista entre 2008 e 2013 foram: 

Osasco, nos casos de autopeças e acessórios (58,4%), lojas de departamento (153%), lojas de material de construção ((90,3%); 

Araçatuba, nos casos das farmácias/perfumarias (170,1%) e outros tipos de

comércio varejista (53,5%); 

Araraquara, no setor concessionárias de veículos (15,5%); 

Jundiaí, no caso de eletrodomésticos/eletroeletrônicos (892,1%), lojas de móveis e

decorações (250,2%) e lojas de vestuários, tecidos e calçados (483,0%)

Guarulhos, no caso de supermercados (84,6%). 

“O interior vem se destacando não apenas pela expansão do varejo, como também do setor industrial e da construção civil, além do agronegócio, gerando demanda para empregos mais especializados, que oferecem melhores salários. Isso vem mudando o perfil de muitas cidades, sendo que algumas se destacam como polos educacionais ou referências no campo da saúde”, finaliza Rogério Amato.

Sobre a pesquisa

Os dados da SEFAZ-SP não consideram, devido a restrições de sigilo fiscal, as vendas de combustíveis e lubrificantes, além de não incluir aquelas pertencentes a empresas que optaram pelo SIMPLES, bem como as que operam na informalidade.

Para ver a pesquisa na íntegra, com todos os dados e tabelas, clique AQUI.

   

Mais informações:
Ana Cecília Panizza
Assessoria de Imprensa
apanizza@acsp.com.br
(11) 3180-3220 

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